Em Pernambuco, ex-coveiro ganha bolsa para se preparar para prova da OAB

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O sonho de ser advogado está cada vez mais próximo de Hamilton da Silva, 44 anos. Trabalhando como coveiro, ele conseguiu pagar a faculdade de direito e se formou em janeiro deste ano. O próximo desafio para Hamilton, que mora no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, é ser aprovado na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Dessa vez, ele conseguiu uma ajuda: a equipe de um curso preparatório soube da história e resolveu dar uma bolsa para o ex-coveiro.

Tímido, Hamilton conta que recebeu a novidade com um pouco de receio. “Eu sou uma pessoa muito acanhada, não gosto de divulgação. Minha vida é do trabalho para casa, da casa para o trabalho, agora estudando. Ainda não me acostumei com as pessoas me parando na rua. Desde que saiu a reportagem, é o telefone tocando o tempo todo. No dia da formatura mesmo, todo mundo queria tirar foto comigo”, conta.
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As aulas começam na próxima semana e ele será aluno de um curso intensivo, preparatório para a primeira fase da OAB. Serão aulas diárias, de segunda a sexta, até 28 de março. Hamilton não desanima para o desafio que tem pela frente. “Não posso mais perder tempo, a minha idade não permite errar, só tenho que acertar agora”, acredita Hamilton.

Diego Cysneiros, supervisor do curso preparatório no Complexo Educacional Damásio de Jesus, no bairro da Boa Vista, no Recife, foi quem fez o contato com o agora bacharel em direito e lembra que ele fez questão de ser tratado como um aluno qualquer. “Ele não queria festa, por isso o convidamos para conhecer as instalações, ver onde seriam as aulas”, explica Cysneiros.

O supervisor ressalta ainda que foi a garra do ex-coveiro que fez a empresa decidir pela bolsa. “Não é questão de se sensibilizar, mas sim de reconhecer o esforço. Vimos o quando ele lutou, o esforço diário para estudar. É uma batalha muito grande, não é todo mundo que consegue. O pessoal da diretoria reuniu todos os funcionários, contou a história dele e resolveu dar a bolsa”, diz Cysneiros.

Luta
Hamilton Silva sempre gostou de estudar, mas conquistar o sonho de se formar em direito não foi fácil. Todos os dias, ele pegava quatro ônibus para chegar do cemitério Vila Nazaré, no Cabo, à Faculdade Metropolitana, em Jaboatão dos Guararapes. Ganhava R$ 521 e usava o salário quase todo para pagar os estudos. Casado há 30 anos, Hamilton tem quatro filhos e uma neta.

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